quarta-feira, 21 de julho de 2010

Jung acentua que o homem só se realiza através do conhecimento e aceitação do seu inconsciente - conhecimento que ele adquire por intermédio dos sonhos e seus símbolos.

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Homem E Seus Simbolos, O   (2005) 

 

Inspirado por um sonho do autor e concluído apenas dez dias antes de sua morte, este livro constitui uma tentativa de expor os princípios fundamentais da análise junguiana para o leitor, sem qualquer obrigatoriedade de conhecimento especializado de psicologia. No livro, Jung acentua que o homem só se realiza através do conhecimento e aceitação do seu inconsciente - conhecimento que ele adquire por intermédio dos sonhos e seus símbolos. Enriquecido com mais de 500 ilustrações, que compreende seis capítulos escritos pelo próprio Jung e cinco de seus principais discípulos, é de importância capaital para a compreensão de uma das mais obras mais fundamentais dos tempos modernos.

 

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Homem E Seus Simbolos, O   (2008) 

 

Inspirado em um sonho do autor e concluído apenas dez dias antes de sua morte, 'O homem e seus símbolos' constitui uma tentativa de expor os princípios fundamentais da psicologia analítica jungiana para o leitor, sem qualquer obrigatoriedade de conhecimento especializado. Jung reuniu nesta obra artigos que tratam dos mais diferentes assuntos - dos sonhos e das artes plásticas até o relacionamento pessoal e a estrutura da personalidade humana. As páginas ilustradas desta edição - com mais de quinhentas imagens - ajudam na compreensão.




Apresentação

A Editora Nova Fronteira apresenta ao público brasileiro uma das obras fundamentais da psicanálise. Um dos livros de maior influência no progresso das ciências da psicologia analítica, nos seus revolucionários métodos atuais. O primeiro e único trabalho em que Carl G. Jung, o famoso psicólogo e filósofo suíço, explica ao leigo aquilo que constitui a sua maior contribuição ao conhecimento da mente humana: a sua teoria a respeito da importância do simbolismo. Sobretudo, o simbolismo dos sonhos.

O Homem e seus Símbolos

Carl G. Jung

Não fora um sonho e este livro não teriam sido escrito. Este sonho — descrito na Introdução — convenceu Jung de que ele poderia e, na verdade, deveria, expor suas idéias aos que não têm qualquer noção de psicologia. Aos 83 anos, Jung concebeu este livro, inclusive as seções que entregou aos cuidados dos seus quatro mais próximos discípulos. Dedicou os últimos meses da vida a editar esta obra e a redigir o capítulo chave, por ele assinado. E terminou apenas dez dias antes de morrer. 

Em O Homem e seus Símbolos Jung acentua que o homem só se realiza através do conhecimento e aceitação do seu inconsciente — conhecimento que ele adquire por intermédio dos sonhos e seus símbolos. Cada sonho é uma mensagem direta, pessoal e significativa enviada ao sonhador. Uma comunicação que utiliza símbolos comuns a toda a humanidade, mas sempre de maneira individual. E que só alcança interpretação através de um "código" inteiramente particular.

Mais de 500 ilustrações complementam o texto e fornecem um "comentário visual" ao pensamento de Jung, a quem se deve os estudos criadores sobre o "inconsciente coletivo". Mostram a natureza e a função dos sonhos; exploram o sentido simbólico da arte moderna e revelam a significação psicológica das experiências comuns da nossa vida cotidiana. Como escreveu o autor: "... [O homem contemporâneo] não consegue perceber que, apesar de toda a sua racionalização e toda a sua eficiência, continua possuído por 'forças' além do seu controle. Seus deuses e demônios absolutamente não desapareceram; têm apena s novos nomes. E conservam-no em contato íntimo com a inquietude, apreensões vagas, complicações psicológicas, uma insaciável necessidade de pílulas, álcool, fumo, alimento e, acima de tudo, com uma enorme coleção de neuroses." Finalmente, em língua portuguesa, esta obra fundamental do nosso tempo.


Capa: Mandala Tibetana (Foto de L. Courteville-Top)


O Homem e seus Símbolos
Carl G.Jung e M.-L. von Franz, Joseph L. Henderson, Jolande Jacobi, Aniela Jaffé

Tradução de Maria Lúcia Pinho

5ª EDIÇÃO

EDITORA NOVA FRONTEIRA
Editor: Cari G. Jung e, após sua morte, M. - L. von Franz
Coordenador Editorial: John Freeman
Editores da Aldus Texto: Douglas Hill Desenho: Michael Kitson Pesquisa: Margery MacLaren Auxiliares: Marian Morris, Gilbert Doei, Michael Lloyd Conselheiros: Donald Berwick, Norman MacKenzie Revisão: Nildon Ferreira Produção Gráfica: Celso Nascimento

Título original em inglês: THE MAN AND HIS SYMBOLS © 1964 Aldus Books Limited, Londres exceto o capitulo 2, intitulado "Os Mitos Antigos e o Homem Moderno", de Dr. Joseph L. Henderson. Os direitos deste capítulo são expressamente negados á publicação nos Estados Unidos. © para a língua portuguesa da Editora Nova Fronteira S.A. Rua Maria Angélica, 168 - Lagoa - CEP.: 22.461 - Tel.: 286-7822 Endereço telegráfico: NEOFRONT Rio de Janeiro — RJ Impressão e Acabamento: IMPRES - S.P .

Introdução: John Freeman

As origens deste livro, dada sua singularidade, são por si só interessantes, mesmo porque apresentam uma relação íntima entre o seu conteúdo e aquilo a que ele se propõe. Por isto, conto-lhe como veio a ser escrito. Num dia da primavera de 1959, a BBC (British Broadcasting Corporation) convidou-me a entrevistar o Dr. Carl Gustav Jung para a televisão inglesa. 

A entrevista deveria ser feita ''em profundidade''. Naquela época, eu pouco sabia a respeito de Jung e de sua obra, e fui então conhecê-lo em sua bonita casa, à beira de um lago, perto de Zurique. Iniciou-se assim uma amizade que teve enorme importância para mim e que, espero, tenha trazido uma certa alegria a Jung nos seus últimos anos de vida. 

A entrevista para a televisão já não cabe nesta história a não ser para mencionar que alcançou sucesso e que este livro é, por estranha combinação de circunstâncias, resultado daquele sucesso. Uma das pessoas que assistiu à entrevista da TV foi Wolfgang Foges, diretor-gerente da Aldus Books. Desde a infância, quando fora vizinho dos Freuds, em Viena, Foges estivera profundamente interessado na psicologia moderna. E enquanto observava Jung falando sobre sua vida, sua obra e suas idéias, pôs-se a lamentar que, enquanto as linhas gerais do trabalho de Freud eram bem conhecidas dos leitores cultos de todo o mundo ocidental, Jung não conseguira nunca chegar ao público comum e sua leitura sempre fora considerada extremamente difícil.

Na verdade, Foges é o criador de O Homem e seus Símbolos. Tendo captado pela TV o afetuoso relacionamento que me ligava a Jung, perguntou-me se não me uniria a ele para, juntos, tentarmos persuadir Jung a colocar algumas das suas idéias básicas em linguagem e dimensão acessíveis ao leitor não especializado no assunto. Entusiasmei-me com o projeto e, mais uma vez, dirigi-me a Zurique decidido a convencer Jung do valor e da importância de tal trabalho. Jung, no seu jardim, ouviu-me quase sem interrupção durante duas horas — e respondeu não. Disse-o de maneira muito gentil, mas com grande firmeza; nunca tentara, no passado, popularizar a sua obra, e não tinha certeza de poder, agora, fazê-lo com sucesso; e, de qualquer modo, estava velho, cansado e sem ânimo para empreender tarefa tão vasta e que tantas dúvidas lhe inspiravam. Os amigos de Jung hão de concordar comigo que ele era um homem de decisões positivas. Pesava cada problema com cuidado e sem pressa, mas quando anunciava uma resposta, esta era habitualmente definitiva. 

Voltei a Londres bastante desapontado e convencido de que a recusa de Jung encerrava a questão. E assim teria acontecido, não fora a interferência de dois fatores que eu não havia previsto. Um deles foi a pertinácia de Foges, que insistiu em mais um encontro com Jung antes de aceitar a derrota; o outro foi um acontecimento que ainda hoje me espanta. O programa da televisão, como disse, alcançou muito sucesso. Trouxe a Jung uma infinidade de cartas de todo tipo de gente, pessoas comuns, sem qualquer experiência médica ou psicológica, que ficaram fascinadas pela presença dominadora, pelo humor e encanto despretensioso, daquele grande homem ; pessoas que perceberam na sua visão da vida e do ser humano alguma coisa que lhes poderia ser útil. 

E Jung ficou feliz, não só pelo grande número de cartas (sua correspondência era imensa àquela época) mas também por terem sido mandadas por gente com quem normalmente não teria tido contato algum. Foi nesta ocasião que teve um sonho da maior importância para ele. (E, à medida que você for lendo este livro, compreenderá o quanto isto pode ser importante.) Sonhou que, em lugar de sentar-se no seu escritório para falar a ilustres médicos e psiquiatras do mundo inteiro que costumavam procurá-lo, estava de pé num local público dirigindo-se a uma multidão de pessoas que o ouviam com extasiada atenção e que compreendiam o que ele dizia... Quando, uma ou duas semanas mais tarde, Foges renovou o pedido para que Jung se dedicasse a um novo livro destinado não ao ensino clínico ou filosófico, mas àquele tipo de gente que vai ao mercado, à feira, enfim, ao homem comum, Jung deixou-se convencer. 

Impôs duas condições. Primeiro, que o livro não fosse uma obra individual, mas sim, coletiva, realizada em colaboração com um grupo dos seus mais íntimos seguidores através dos quais tentava perpetuar seus métodos e ensinamentos; segundo, que me fosse destinada a tarefa de coordenar a obra e solucionar quaisquer problemas que surgissem entre os autores e os editores. Para não parecer que esta introdução ultrapassa os limites da mais razoável modéstia, deixem-me logo confessar que esta segunda condição me gratificou — mas moderadamente. Pois logo tomei conhecimento de que o motivo de Jung me haver escolhido fora, essencialmente, por considerar-me alguém de inteligência regular, e não excepcional, e também alguém sem o menor conhecimento sério de psicologia. Assim, para Jung, eu seria o "leitor de nível

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médio" deste livro; o que eu pudesse entender haveria de ser inteligível para todos os interessados; aquilo em que eu vacilasse possivelmente pareceria difícil ou obscuro para alguns. 

Não muito envaidecido com esta estimativa da minha função insisti, no entanto, escrupulosamente (algumas vezes receio até a exasperação dos autores), que cada parágrafo fosse escrito e, se necessário, reescrito com uma tal clareza e objetividade que posso afirmar com certeza que este livro, no seu todo, é realmente destinado e dedicado ao leitor comum e que os complexos assuntos de que trata foram cuidados com rara e estimulante simplicidade.

Depois de muita discussão concordou-se que o tema geral deste livro seria o homem e seus símbolos. E o próprio Jung escolheu como seus colaboradores a Drª Marie Louise von Franz, de Zurique, talvez sua mais íntima confidente e amiga; o Dr. Joseph L. Henderson, de São Francisco, um dos mais eminentes e creditados jungianos dos Estados Unidos; a Srª Aniela Jaffé, de Zurique, que além de ser uma experiente analista, foi secretária particular de Jung e sua biógrafa; e o Dr. Jolande Jacobi, que é, depois de Jung, o autor de maior número de publicações do círculo jungiano de Zurique. 

Estas quatro pessoas foram escolhidas em parte devido ao seu conhecimento e prática nos assuntos específicos que lhes foram destinados e em parte porque Jung confiava totalmente no seu trabalho escrupuloso e altruísta, sob a sua direção, como membros de um grupo. Coube a Jung a responsabilidade de planejar a estrutura total do livro, supervisionar e dirigir o trabalho de seus colaboradores e escrever, ele próprio, o capítulo fundamental: '' Chegando ao Inconsciente". O seu último ano de vida foi praticamente dedicado a este livro; quando faleceu, em junho de 1961, a sua parte estava pronta (terminou-a apenas dez dias antes de adoecer definitivamente) e já aprovara o esboço de todos os capítulos dos seus colegas. 

Depois de sua morte, a Drª von Franz assumiu a responsabilidade de concluir o livro, de acordo com as expressas instruções de Jung. A substância de O Homem e seus Símbolos e o seu plano geral foram, portanto, traçados — e detalhadamente — por Jung. O capítulo que traz o seu nome é obra sua e (fora alguns extensos comentários que facilitarão a compreensão do leitor comum) de mais ninguém. Foi, incidentalmente, escrito em inglês. Os capítulos restantes foram redigidos pelos vários autores, sob a direção e supervisão de Jung. A revisão final da obra completa, depois da morte de

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Jung, foi feita pela Drª von Franz, com tal dose de paciência, compreensão e bom humor que nos deixou, a mim e aos editores, em inestimável débito. 

Finalmente, quanto à essência do livro. O pensamento de Jung coloriu o mundo da psicologia moderna muito mais intensamente do que percebem aqueles que possuem apenas conhecimentos superficiais da matéria. Termos como, por exemplo, "extrovertido", "introvertido" e "arquétipo" são todos conceitos seus que outros tomam de empréstimo e muitas vezes empregam mal. Mas a sua mais notável contribuição ao conhecimento psicológico é o conceito de inconsciente — não (à maneira de Freud) como uma espécie de "quarto de despejos" dos desejos reprimidos, mas como um mundo que é parte tão vital e real da vida de um indivíduo quanto o é o mundo consciente e "meditador" do ego. E infinitivamente mais amplo e mais rico. A linguagem e as "pessoas" do inconsciente são os símbolos, e os meios de comunicação com este mundo são os sonhos. Assim, um estudo do homem e dos seus símbolos é, efetivamente, um estudo da relação do homem com o seu inconsciente. 

E desde que, segundo Jung, o inconsciente é o grande guia, o amigo e conselheiro do consciente, este livro está diretamente relacionado com o estudo do ser humano e de seus problemas espirituais. Conhecemos o inconsciente e com ele nos comunicamos (um serviço bidirecional), sobretudo através dos sonhos; e do começo ao fim deste livro (principalmente no capítulo de autoria de Jung) fica patente quanta importância é dada ao papel do sonho na vida do indivíduo. 

Seria impertinente da minha parte tentar interpretar a obra de Jung para os leitores, muitos deles decerto bem melhor qualificados para compreendê-la do que eu. A minha tarefa, lembremo-nos, foi simplesmente servir como uma espécie de "filtro de inteligibilidade", e nunca como intérprete. No entanto, atrevo-me a expor dois pontos gerais que, como leigo, parecem-me importantes e que possivelmente poderão ajudar a outros, também não especialistas na matéria. 

O primeiro destes pontos diz respeito aos sonhos. Para os jungianos o sonho não é uma espécie de criptograma padronizado que pode ser decifrado através de um glossário para a tradução de símbolos. É, sim, uma expressão integral, importante e pessoal de inconsciente particular de cada um e tão "real'' quanto qualquer outro fenômeno vinculado ao indivíduo. O inconsciente in-

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dividual de quem sonha está em comunicação apenas com o sonhador e seleciona símbolos para seu propósito, com um sentido que lhe diz respeito e a ninguém mais. Assim, a interpretação dos sonhos, por um analista ou pela própria pessoa que sonha, é para o psicólogo jungiano uma tarefa inteiramente pessoal e particular (e algumas vezes, também, uma tarefa longa e experimental) que não pode, em hipótese alguma, ser executada empiricamente. 

Isto significa que as comunicações do inconsciente são da maior importância para quem sonha — o que é lógico desde que o inconsciente é pelo menos a metade do ser total — e oferece-lhe, quase sempre, conselhos ou orientações que não poderiam ser obtidos de qualquer outra fonte. Assim, quando descrevi o sonho de Jung dirigindo-se a uma multidão, não estava relatando um passe de mágica ou sugerindo que Jung fosse algum quiromante amador, e sim como, em simples termos de uma experiência cotidiana, Jung foi "aconselhado" pelo seu próprio inconsciente a reconsiderar um julgamento inadequado feito pela parte consciente de sua mente. 

Resulta disto tudo que sonhar não é assunto que o jungiano considere simples casualidade. Ao contrário, a capacidade de estabelecer comunicação com o inconsciente faz parte das faculdades do homem e os jungianos "ensinam-se" a si próprios (não encontro melhor termo) a tornarem-se receptivos aos sonhos. Quando, portanto, o próprio Jung teve que enfrentar a decisão crítica de escrever ou não este livro, foi capaz de buscar recursos no consciente e no inconsciente para tomar uma deliberação. E, através de toda esta obra, você vai encontrar o sonho tratado como um meio de comunicação direto, pessoal e significativo com aquele que sonha — um meio de comunicação que usa símbolos comuns a toda a humanidade, mas que os emprega sempre de modo inteiramente individual, exigindo para a sua interpretação uma "chave", também inteiramente pessoal. 

O segundo ponto que desejo assinalar é a respeito de uma particularidade de argumentação comum a todos os que escreveram este livro — talvez a todos os jungianos. Aqueles que se limitam a viver inteiramente no mundo da consciência e que rejeitam a comunicação com o inconsciente atam-se a leis formais e conscientes de vida. Com a lógica infalível (mas muitas vezes sem sentido) de uma equação algébrica, deduzem das premissas que adotam conclusões incontestavelmente inferidas. Jung e seus colegas parecem-me (saibam eles ou não

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disto) rejeitar as limitações deste método de argumentação. Não é que desprezem a lógica, mas evidenciam estar sempre argumentando tanto com o inconsciente quanto com o consciente. 

O seu próprio método dialético é simbólico e muitas vezes sinuoso. Convencem não por meio do foco de luz direto do silogismo, mas contornando, repisando, apresentando uma visão repetida do mesmo assunto cada vez de um ângulo ligeiramente diferente — até que, de repente, o leitor, que não se dera conta de uma única prova convincente, descobre que, sem perceber, recebeu e aceitou alguma verdade maior. Os argumentos de Jung (e os de seus colegas) sobem em espiral por sobre um assunto como um pássaro que voeja em torno de uma árvore. No início tudo o que vê, perto do chão, é uma confusão de galhos e folhas. Gradualmente à medida que voa mais alto, os diversos aspectos da árvore repetindo-se formam um todo que se integra no ambiente em torno. 

Alguns leitores podem achar este método de argumentação "em espiral" um tanto obscuro e até mesmo desordenado durante algumas páginas — mas penso que não por muito tempo. É um processo característico de Jung e logo o leitor vai descobrir que está sendo transportado numa viagem persuasiva e profundamente fascinante. 

Os diferentes capítulos deste livro falam por si mesmos e não pedem maior explicação. O capítulo do próprio Jung apresenta o leitor ao inconsciente, aos arquétipos e símbolos que constituem a sua linguagem e aos sonhos através dos quais ele se comunica. O Dr. Henderson ilustra, no capítulo seguinte, o aparecimento de vários arquétipos da antiga mitologia, das lendas folclóricas e dos rituais primitivos. 

A Drª von Franz, no capítulo intitulado "O processo da individuação", descreve o processo pelo qual o consciente e o inconsciente do indivíduo aprendem a conhecer, respeitar e acomodar-se um ao outro. Num certo sentido, este capítulo encerra não apenas o ponto crucial de todo o livro, mas talvez, a essência da filosofia de vida de Jung: o homem só se torna um ser integrado, tranquilo, fértil e feliz quando (e só então) o seu processo de individuação está realizado, quando consciente e inconsciente aprenderem a conviver em paz e completando se um ao outro. A Srª Jaffé, tal como o Dr. Henderson, preocupa-se em demonstrar, na estrutura familiar do consciente, o constante interesse do homem — quase uma obsessão — pelos símbolos do inconsciente. Estes símbolos exercem no ser humano uma atração íntima profundamente significativa e quase

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alentadora — tanto nas lendas e nos contos de fadas — que o Dr. Henderson analisa, quanto nas artes visuais que, como mostra a Srª Jaffé, nos recreiam e deliciam num apelo constante ao inconsciente. 

Por fim, devo dizer algumas breves palavras acerca do capítulo do Dr. Jacobi, de certa forma um capítulo à parte neste livro. É, na verdade, a história resumida de um interessante e bem-sucedido caso de análise. É evidente o valor de tal capítulo em um trabalho como este. Mas duas palavras de advertência fazem-se necessárias. 

Em primeiro lugar, como a Drª von Franz ressalta, não existe exatamente uma análise jungiana típica, já que cada sonho é uma comunicação particular e individual, e dois sonhos nunca usam da mesma maneira os símbolos do inconsciente. Portanto, toda análise jungiana é um caso único e seria ilusório considerarmos esta, retirada do fichário do Dr. Jacobi (ou qualquer outra), como "representativa" ou "típica''. Tudo o que se pode dizer sobre o caso de Henry e de seus sonhos por vezes sinistros é que são um bom exemplo da aplicação do método jungiano a um determinado caso. 

Em segundo lugar, quero observar que a história completa de uma análise, mesmo de um caso relativamente simples, ocuparia todo um livro para ser relatada. Inevitavelmente a história da análise de Henry prejudica-se um pouco com o resumo feito. As referências, por exemplo, ao I Ching não estão bastante claras e emprestam-lhe um sabor de ocultismo pouco verdadeiro, por terem sido apresentadas fora do seu contexto global. Conclui-se, no entanto — e estou certo de que o leitor também há de concordar —, que, apesar destas observações, a clareza, sem falar no interesse humano, da análise de Henry muito enriquece este livro. 

Comecei contando como Jung veio a escrever O Homem e seus Símbolos. Termino lembrando ao leitor quão extraordinária — talvez única — é a publicação desta obra. Carl Gustav Jung foi um dos maiores médicos de todos os tempos e um dos grandes pensadores deste século. Seu objetivo sempre foi o de ajudar homens e mulheres a melhor se conhecerem para que através deste conhecimento e de um refletido auto comportamento pudessem usufruir vidas plenas, ricas e felizes. No fim de sua própria vida, que foi tão plena, rica e feliz como poucas conheci, ele decidiu empregar as forças que lhe restavam para endereçar a sua mensagem a um público maior do que aquele que até então alcançara. Terminou esta tarefa e a sua vida no mesmo mês. Este livro é o seu legado ao grande público leitor.

Sumário

1. Chegando ao inconsciente      Carl G. Jung         16

2. Os mitos antigos e o homem moderno     Joseph L. Henderson     100

3. O processo de individuação     M. - L. von Franz      154

4. O simbolismo nas artes plásticas        Aniel a Jaffé      225

5. Símbolos em uma análise individual        Jolande Jacobi

Conclusão: A ciência e o inconsciente M. - L. von Franz

Notas



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