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Os deuses nórdicos eram mortais, e somente pelas maçãs de Iðunn podiam esperar viver até o Ragnarök. Imagen por J. Penrose, 1890. |
Temas da mitologia nórdica |
Æsir | Odin, Vili e Ve, Thor, Tyr, Heimdall, Hoenir,Loki, Frey, Njord, Balder, Bragi, Forsetes,Hermodr, Höðr, Magni e Modi, Mani, Ull,Vali, Vidar |
Vanir | Freyja, Frey, Gullveig, Kvasir, Njord |
Nornas | Urd (passado), Verdandi (presente), Skuld(futuro) |
Valquirias | Gudrun, Brunilde, Grimhild, Svava, Sigrun,Borghild, Signy, Svanild, Oddrun, Hjordis,Skuld |
Jotuns | Aegir, Baugi, Bergelmer, Bestla, Bolthorn,Geirrod, Gerda, Gilling, Gialp, Greip,Gunnlod, Gymir, Hrod, Hrungnir, Hymir,Imer, Ivaldi, Jarnsaxa, Kari, Loki, Narve,Olvaldi, Saxa, Skade, Surtur, Suttung,Tiazi, Trudelmer, Thrym, Utgardaloke,Vaftrudener |
Anões | Durinn & Motsongir, Lofar, Dvalin, filhos de Ivaldi Brokk & Eitri, Brisings, Fjalar & Gallar,Alvis, Andavari, Regin, Alberich |
Animais | Arvak y Alsvid, Auðumbla, Bloðughofi,Eikþyrnir, Fenrisulfr, Garm, Geri y Freki,Grani, Gullinbursti, Gullinkambi, Gulltopp,Hati, Heiðrun, Hildisvíni, Hofvarpnir,Hombre lobo, Hræsvelgr, Hrímfaxi, Hugin y Munin, Jörmundgander, Lindorm,Mánagarmr, Níðhöggr, Ratatosk, Skinfaxi,Skoll, Sleipnir, Svadilfari, Sæhrímnir,Tanngrisnir y Tanngnjóstr, Veðrfölnir |
Lugares | Alfheim, Asgard, Bifröst, Bilskirnir,Breidablik, Élivágar, Eliudnir, Fensalir,Fólkvangr, Gimlé, Ginnungagap, Gjallar Bridge, Gladsheim, Glitnir, Gnipahellir,Himinbjörg, Hindarfjall, Hörgr, Körmt y Örmt, Idavoll, Jötunheimr, Ironwood,Hlidskjalf, Midgard, Muspelheim, Mirkwood,Náströnd, Niflheim, Noatun, Sessrúmnir,Slidr River, Thrymheim, Utgard, Valhalla,Vanaheim, Hvergelmir, Vigrid, Vimur,Vingólf, Ýdalir, Yggdrasil |
Artefatos | Andvarinaut, Brisingamen, Draupnir,Eldhrímnir, Gante, Giallarhorn, Gjallarhorn,Gleipnir, Gram, Grotte, Gungnir, Helgrind,Megingjord, Poço de Mimir, Mjölnir, Naglfar,Hringhorni, Skíðblaðnir, Tyrfing, Poço de Urd |
|
A
mitologia nórdica, também chamada de
mitologia germânica,
mitologia viking ou
mitologia escandinava se refere a uma
religião pré-
cristã,
crenças e
lendas dos povos escandinavos, incluindo aqueles que se estebeleceram na
Islândia, onde a maioria das fontes escritas para a mitologia nórdica foram construídas. Esta é a versão mais bem conhecida da mitologia comum germânica antiga, que inclui também relações próximas com a
mitologia anglo-saxônica. Por sua vez, a mitologia germânica evoluiu a partir da antiga mitologia indo-européia.
A mitologia nórdica é uma coleção de crenças e histórias compartilhadas por tribos do norte da
Germânia (atual
Alemanha), sendo que sua estrutura não designa uma
religião no sentido comum da palavra, pois não havia nenhuma reivindicação de escrituras que fossem inspirados por algum ser divino. A mitologia foi transmitida oralmente principalmente durante a
Era Viking, e o atual conhecimento sobre ela é baseado especialmente nos
Eddas e outros textos medievais escritos pouco depois da
cristianização.
No
folclore escandinavo estas crenças permaneceram por mais tempo, e em áreas rurais algumas tradições são mantidas até hoje, recentemente revividas ou reinventadas e conhecidas como Ásatrú ou Odinismo. A mitologia remanesce também como uma inspiração na
literatura assim como no
teatro e no
cinema.
A família é o centro da comunidade, podendo ser estreitamente relacionada com a fertilidade-fecundidade quanto com a agressividade de um povo hostil e habituado as guerras, em uma sociedade totalmente rural que visa a prosperidade e a paz para si. Deste modo, a religião é muito mais baseada no culto do que no dogmatismo ou na metafísica, uma religiosidade baseada em atos, gestos e ritos significativos, muitas vezes girando em torno de festividades a certos deuses, como
Odin e
Tîwaz (identificado por alguns estudiosos como predecessor de Odin).
Pode-se dizer que a religião viking não existia sem um ritual e abordava exclusivamente o culto aos ancestrais; era uma religião que ignorava o suicídio, o desespero, a revolta e mais do que tudo, a dúvida e o absurdo. Segundo alguns autores, era "uma religião da vida".
[1]A maior parte desta
mitologia foi passada adiante oralmente, sendo que grande parte dela foi perdida. Há também o
Gesta Danorum, desenvolvido pelo
dinarmaquês Saxo Grammaticus onde, entretanto, os deuses nórdicos estão descaracterizados fortemente.
A
Prose of Younger Edda foi escrita no início do
Século XIII. À primeira vista, ele parece um manual para aspirantes a
poetas, que lista e descreve os contos tradicionais que deram forma à base de expressões poéticas padronizadas, tais como os
kennings. O autor da
Prose of Younger Edda é reconhecido como sendo Snorri Sturluson, o renomado chefe, poeta e diplomata da
Islândia.
O
Elder Edda (também conhecido como o Edda Poético) foi escrito aproximadamente 50 anos mais tarde. Contém 29 poemas longos, sendo que 11 tratam sobre as divindades germânicas e o resto se referem aos heróis legendários como
Sigurd, da Saga de
Volsunga (o
Siegfried da versão alemã do poema
Nibelungenlied). Embora os estudiosos acreditem que esta coleção de poemas tenha sido desenvolvida mais tarde do que o
Younger Edda, é creditado o nome de
Elder Edda para esta obra por causa da antiguidade atribuída aos textos.
Além destas fontes, há diversas lendas que sobrevivem no folclore escandinavo, e há centenas de nomes de lugares na
Escandinávia cuja origem se encontra nos deuses da mitologia nórdica. Algumas inscrições rúnidas, tais como
Rök Runestone e o amuleto de
Kvinneby, fazem referências a mitologia. Há também diversas imagens entalhadas na pedra que descrevem cenas da mitologia nórdica, tais como a viagem de pesca de
Thor, cenas da saga de
Völsunga,
Odin e
Sleipnir,
Odin sendo devorado por
Fenrir, e
Hyrrokkin viajando ao funeral de
Balder. Há também imagens menores, tais como os figuras que descrevem os deuses
Odin (com só um olho),
Thor (com seu martelo) e
Freyr.
O universo segundo a mitologia nórdica
Na mitologia nórdica (ou mitologia anglo-saxônica), se acreditava que a terra era formada por um enorme disco liso.
Asgard, onde os deuses viviam, se situava no centro do disco e poderia ser alcançado somente atravessando um enorme arco-íris (a ponte de
Bifrost). Os gigantes viviam em um domicílio equivalente chamado
Jotunheim (Casa dos Gigantes). Uma enorme ábade no subsolo escuro e frio formava o
Niflheim, que era governada pela deusa
Hel. Este era a moradia eventual da maioria dos mortos. Situado em algum lugar no sul ficava o reino impetuoso de
Musphelhein, repouso dos gigantes do fogo. Outros reinos adicionais da mitologia nórdica incluem o
Alfheim, repouso dos
elfos luminosos (
Ljósálfar),
Svartalfheim, repouso dos
elfos escuros, e
Nidavellir, as minas dos anões. Entre
Asgard e
Niflheimestava
Midgard, o mundo dos homens (veja também a
Terra Média).
[editar]Os mundos da mitologia nórdica
Não há uma clara definição sobre quais seriam os mundos da mitologia nórdica, pois muitos se sobrepoem e vários nomes são utilizados, designando, normalmente, o mesmo lugar. Diferentemente de outras culturas
mitológicas, na nórdica não há uma clara definição sobre os lugares que, as vezes, são separados por mares ou oceanos, não constituíndo
mundos separados na acepção da palavra. Deste modo, podemos verificar a existência de nove mundos, conhecidos como os
Nove Mundos da Mitologia Nórdica, que podem ser considerados os principais:
[editar]Seres sobrenaturais
Há três "clãs" de divindidades: os
Æsir, os
Vanir e os
Iotnar (referenciados como os gigantes neste artigo). A distinção entre o Æsir e o Vanir é relativa, pois na mitologia os dois finalmente fizeram a paz após uma guerra prolongada, ganha pelos Æsir. Entre os embates houve diversas trocas de reféns, casamentos entre os clãs e períodos onde os dois clãs reinavam conjuntamente. Alguns deuses pertencem à ambos os clãs. Alguns estudiosos especulam que esta divisão simboliza a maneira como os deuses das tribos invasoras indo-européias suplantaram as divindades naturais antigas dos povos aborígenes, embora seja importante notar que esta afirmação é apenas uma conjectura. Outras autoridades (compare Mircea Eliade e J.P. Mallory) consideram a divisão entre Æsir/Vanir simplesmente a expressão dos nórdicos acerca da divisão comum Indo-Européia acerca das divindades, paralela aos deuses
Olímpicos e os
Titãs da mitologia grega, e algumas partes do
Mahabharata.
O Æsir e o Vanir são geralmente inimigos dos Iotnar (
Iotunn ou
Jotuns no singular;
Eotenas ou
Entas, em inglês arcaico). São comparáveis ao
Titãs e aos Gigantes da mitologia grega e traduzidos geralmente como "gigantes", embora
trolls e
demônios sejam sugeridos como alternativas apropriadas. Entretanto, os Æsir são descendentes dos Iotnar e tanto os Æsir como os Vanir realizaram diversos casamentos entre eles. Alguns dos gigantes são mencionados pelo nome no Eddas, e parecem ser representações de forças naturais. Há dois tipos gerais de gigante: gigantes da neve e gigantes do fogo. Havia também elfos e anões e, apesar de seu papel na mitologia ser bastante obscuro, normalmente são apresentados tomando o partido dos deuses.
Além destes, há muitos outros seres supernaturais:
Fenris (ou Fenrir) o
lobo gigantesco, e
Jormungard, a
serpente do mar que circula o mundo inteiro. Estes dois monstros são descritos como primogênitos de
Loki, o deus da mentira, e de um gigante.
Hugin e
Munin (pensamento e memória), são criaturas mais benevolentes, representadas por dois corvos que mantêm
Odin, o deus principal, informado do que está acontecendo na terra;
Ratatosk, o esquilo que atua como mensageiro entre os deuses e
Yggdrasil, a árvore da vida, figura central na concepção deste mundo.
Assim como muitas outras religiões politeistas, esta mitologia não apresenta o característico dualismo entre o bem e o mal da tradição do oriente médio. Assim,
Loki não é primeiramente um adversário dos deuses, embora se comporte frequentemente nas histórias como o adversário primoroso contra o protagonista
Thor, e os gigantes não são fundamentavelmente malignos, apesar de normalmente rudes e incivilizados. O dualismo que existe não é o mal contra o bem, mas a ordem contra o caos. Os deuses representam a ordem e a estrutura visto que os gigantes e os monstros representam o caos e a desordem.
[editar]Völuspá: a origem e o final do mundo
A origem e o final eventual do mundo são descritas em
Völuspá ("A profecia dos Völva" ou "A profecia de
Sybil"), um dos poemas mais impressionantes no
Edda poético. Estes versos assombrados contêm uma das mais vívidas criações em toda a história religiosa e representa a destruição do mundo, cuja originalidade está na sua atenção aos detalhes.
No
Völuspá,
Odin, deus principal do panteão dos nórdicos, conjura do espírito de um
Völva morto (
Shaman ou
Sybil) e requer que este espírito revele o passado e o futuro. O espírito se mostra relutante: "O que você pede de mim? Porque você me tenta?"; mas como ela se encontra morta, não mostra nenhum medo de Odin, e continuamente o pergunta, de forma grosseira: "Bem, você quer saber mais?" Mas Odin insiste: se deve cumprir sua função como o rei dos deuses, deve possuir todo o conhecimento. Uma vez que o
sybil revela os segredos de passado e de futuro, cai para trás em forma de limbo: "Eu dissiparei agora".
No início havia somente o mundo das névoas,
Niflheim e o mundo de fogo,
Musphelhein, e entre eles havia o
Ginungagap, "um grande vazio" no qual nada vivia. Em
Ginungagap, o fogo e a névoa se encontraram formando um enorme bloco de gelo. Como o fogo de
Musphelhein era muito forte e eterno, o gelo foi derretendo até surgir a forma de um gigante primordial,
Ymir, que dormiu durante muitas eras. O seu suor deu origem aos primeiros gigantes. E do gelo também surgiu uma vaca gigante,
Audumbla, cujo leite jorrava de suas tetas primordiais em forma de 4 grandes rios que alimentavam
Ymir. A vaca lambeu o gelo e criou o primeiro deus,
Buro, que foi pai de
Borr, que por sua vez foi pai do primeiro
Æsir,
Odin, e seus irmãos,
Vili e
Ve. Então, os filhos de
Borr, Odin, Vili e Ve, destroçaram o corpo de Ymir e, a partir deste, criaram o mundo. De seus ossos e dentes surgiram as rochas e as montanhas e de seu cérebro surgiram as nuvens.
Os deuses regularam a passagem dos dias e noites, assim como das estações. Os primeiros seres humanos eram
Ask (
carvalho) e Embla (
olmo), que foram esculpidos em madeira e trazidos à vida pelos deuses Odin, Honir/Vili e Lodur/Ve.
Sol era a deusa do sol, filha de
Mundilfari e esposa de
Glen. Todo dia, ela montava através do céu em sua carruagem puxada por dois cavalos nomeados
Alsvid e
Arvak. Esta passagem é conhecida como
Alfrodul, que significa "glória dos elfos", que se tornou um
kenning comum para o sol.
Sol era perseguida durante o dia por
Skoll, um
lobo que queria devorá-la. Os eclipses solares significavam que Skoll quase a capturava. Na mitologia, era fato que Skoll eventualmente conseguia capturar
Sole a devorava; entretanto, a mesma era substituída por sua filha. O irmão de
Sol, a lua,
Mani, era perseguido por
Hati, um outro lobo. Na mitologia nórdica, a terra era protegida do calor do sol por
Svalin, que permanecia entre a terra e a estrela. Nas crenças nórdicas, o sol não fornecia luz, que emanava da juba de
Alsvid e
Arvak.
A
Sybil descreve a enorme árvore que sustenta os nove mundos,
Yggdrasil e as três
Nornas (símbolos femininos da fé inexorável, conhecidas como Urðr (
Urdar), Verðandi (
Verdante) e
Skuld, que indicam o passado, a atualidade e futuro), as quais tecem as linhas do destino. Descreve também a guerra inicial entre o Æsir e o Vanir e o assassinato de
Balder. Então, o espírito gira sua atenção ao futuro.
A visão antiga dos nórdicos sobre o futuro é notavelmente sombria e pálida. No final, as forças do caos serão superiores em número e força aos guardiões divinos e humanos da ordem.
Loki e suas crianças monstruosas explodirão suas uniões; os mortos deixarão
Niflheim para atacar a vida.
Heimdall, guardião das divindades, convoncará os deuses com o soar de sua trombeta de chifre. Se seguirá uma batalha final entre ordem e caos(
Ragnarök), que os deuses perderão, como é seu destino. Os deuses, cientes de sua sina, recolherão os guerreiros mais finos, o
Einherjar, para lutar em seu lado quando este dia vier. No entanto, no final, seus poderes serão pequenos para impedir que o mundo caia no caos onde ele se emergiu, e os deuses e seu mundo serão destruídos.
Odin será engolido por
Fenrir, o lobo. Mesmo assim, ainda haverá alguns sobreviventes, humanos e divinos, que povoarão um mundo novo, para começar um novo ciclo. Ou assim
Sybil nos diz; os estudiosos ainda se dividem na interpretação das últimas estrofes e deixam em dúvida se esta não foi uma adição atrasada ao mito por causa da influência
cristã. Se a referência for anterior a cristianização, o mito do final dos tempos do
Völuspá pode refletir uma tradição indo-européia que se deriva dos mitos do
zoroastrismo persa. O zoroastrismo inspirou também os mitos de final de mundo do
judaísmo e do
cristianismo.
[editar]Os Reis e os heróis
A mitologia nórdica não trata somente dos deuses e das criaturas supernaturais, mas também sobre heróis e reis. Muitos deles, provavelmente, existiram realmente e as gerações de estudiosos
escandinavos tentam extrair a história do mito a partir das sagas. Às vezes, o mesmo herói ressurge em diversas formas dependendo de que parte do mundo germânico os épicos sobreviveram. Como exemplos temos o
Völund/
Weyland e
Siegfried/
Sigurd, e provavelmente em
Beowulf/
Bödvar Bjarki. Outros heróis notáveis são
Hagbard,
Starkad,
Ragnar Lodbrok,
Heron T.K.S.,
O Anel de Sigurd,
Ivar Vidfamne e
Harald Hildetand. Notáveis também são as
shieldmaidens, que eram as mulheres "comuns" que tinham escolhido o caminho do guerreiro.
[editar]Adoração germânica
[editar]Os Centros da Fé
As tribos germânicas raramente ou quase nunca tiveram templos em um sentido moderno. O
Blót, a forma de adoração praticada pelos germânicos antigos e os povos escandinavos se assemelham aos dos
celtas e dos
bálticos, ocorrendo normalmente em bosques considerados sagrados. Poderiam também ocorrer em casas e/ou em altares simples de pedras empilhadas conhecidas como
horgr. Entretanto, parece ter havido alguns centros mais importantes, tais como
Skiringsal,
Lejre e
Uppsala.
Adan de Bremen reivindica que houve um templo em Uppsala com três estátuas de madeira de
Thor, de
Odin e de
Freyr.
Apesar de parecer que um certo tipo do sacerdócio possa ter existido, nunca houve um caráter profissional e semi-hereditário como o arquétipo do
druida céltico. Isto ocorre porque a tradição
xamanista foi mantida pelas mulheres, as
Völvas. É geralmente aceito que os reinados germânicos evoluíram a partir dos escritórios dos
sacerdotes. O papel de sacerdócio do
rei condizia com o papel comum do
godi, que figurava como o chefe de um grupo de famílias e que administrava os sacrifícios.
[editar]Sacrifícios humanos
O único testemunho ocular do sacrifício humano germânico sobreviveu no conto de
Ibn Fadlan sobre um enterro do navio de Rus, onde uma escrava menina se ofereceu para acompanhar seu senhor ao mundo seguinte. Testemunhos mais indiretos são dados por
Tacitus,
Saxo Grammaticus e
Adan de Bremen. O
Heimskringla descreve que o rei
sueco Aun sacrificou nove de seus filhos em um esforço para prolongar sua vida até que seu trabalho o impediram de matar seu último filho,
Egil. De acordo com
Adam de Bremem, os reis suecos sacrificavam escravos do sexo masculino a cada nono ano durante os sacrifícios de
Yule no Templo em Upsalla. Os
suecos tinham o direito de eleger e depôr os próprios reis, e tanto o rei
Domalde e o rei
Olof Trätälja são conhecidos por terem sido sacrificados após anos de inanição.
Odin foi associado com a morte por enforcamento, e uma prática possível do sacrifício de
Odin por estrangulamento tem alguma sustentação arqueológica na existência de corpos preservados perfeitamente pelo ácido das turfas em Jutland. Um exemplo é
Homem de Tollund. Entretanto, não há nenhum testemunho escrito que interprete explicitamente a causa destes estrangulamentos, que poderiam, obviamente, ter outras explicações.
[editar]Interações com o cristianismo
Um problema complexo ao interpretar esta mitologia é que, frequentemente, os testemunhos mais próximos que existem das épocas mais remotas foram escritos por
cristãos. Como um exemplo de caso, o
Younger Edda e o
Heimskringla foram escritos por Snorri Sturluson no
Século XIII, após quase duas centenas de anos depois que a
Islândia se tornou cristã, em torno do ano
1000, em um momento histórico sob um intenso clima político antipagão na
Escandinávia.
Virtualmente, toda a literatura sobre as sagas
vikings se originou na Islândia, uma ilha relativamente pequena e remota. Mesmo contando com o clima de tolerância religiosa que permanecia naquela época nesta região, Sturluson foi guiado por um ponto de vista essencialmente cristão. O
Heimskringla, cujas cópias são tão difundidas na
Noruega atual quanto a
Bíblia, fornece algumas introspecções interessantes nesta direção. Snorri Sturluson introduz
Odin como um lorde guerreiro mortal da
Ásia que adquire poderes mágicos, se estabelece na
Suécia, e se torna um semi-deus após sua morte. Ao remover a divindade de Odin, Sturluson fornece então a história de um pacto do rei sueco
Aun com o Odin para prolongar sua vida, sacrificando seus filhos. Mais tarde, no
Heimskringla, Sturluson apresenta em detalhes como o
Santo Olaf Haroldsson converteu brutalmente os escandinavos ao cristianismo.
Durante a cristianização da
Noruega, o rei
Olaf Trygvasson mantinha as
völvas (mulheres
xamãs) amarradas em pequenas rochas à mercê da maré. Uma terrível e longa espera pela morte.
Na Islândia, tentando evitar a guerra civil, o parlamento votou a favor da cristianização, mas tolerou a prática de cultos pagãos na privacidade dos lares. A atmosfera mais tolerante permitiu o desenvolvimento da literatura acerca das sagas, que foi uma janela vital para auxiliar a compreender a era pagã.
Por outro lado, a
Suécia teve uma série de guerras civis durante o
século XI, que terminou com a queima do templo em
Uppsala.
A conversão não aconteceu rapidamente, independente se a nova fé fosse mais ou menos imposta pela força. O clérigo trabalhou fortemente no sentindo de ensinar à população que os deuses nórdicos eram apenas demônios, mas seu sucesso era limitado e os deuses nunca se tornaram realmente malignos na mente popular. Dois achados arqueológicos extremamente isolados podem ilustrar quanto tempo a cristianização levou para atingir toda a região. Os estudos arqueológicos das sepulturas na ilha sueca de
Lovön mostraram que a cristianização levou entre 150 a 200 anos.
Do mesmo modo, na cidade comercial de
Bergen, duas inscrições
rúnicas do
século XIII foram encontradas, onde a primeira diz
pode Thor o receber, pode Odin possui-lo. A segunda inscrição é um
galdra que diz
eu entalhei runas de cura, eu entalhei runas de salvação, uma vez contra os elfos, duas vezes contra os trolls, tres vezes contra os thurs. A segunda menciona também a perigosa
valquiria Skögul.
Apesar de haver poucos testemunhos do
século XIV até o
século XVIII, o clérigo, tal como
Olaus Magnus (
1555) escreveu sobre as dificuldades de extinguir a opinião antiga sobre os deuses antigos. o
Þrymskviða parece ter sido uma das raras canções que resistiram ao tempo, como a romântica
Hagbard e o Signy. As versões conhecidas de ambas foram registradas nos séculos
XVII e
XIX. No século XIX e no início do
século XX, os folcloristas suecos documentaram o que o povo comum acreditava, e o que eles deduziram era que muitas tradições dos deuses da mitologia nórdica haviam sobrevivido. Entretanto, as tradições estavam muito longe do sistema coeso desenvolvido por Snorri. A maioria dos deuses tinham sido esquecidos e somente o caçador
Odin e a figura de matador de gigantes de
Thor aparecia em numerosas lendas.
Freya era mencionado algumas vezes e
Balder sobrevivia somente nas lendas sobre nomes de lugares.
Outros elementos da mitologia nórdica sobreviveram sem ser percebido como tal, em especial a respeito dos seres sobrenaturais no folclore escandinavo. Além disso, a opinião dos nórdicos sobre o destino foi muito firme até épocas modernas. Desde que o
inferno cristão se assemelhou ao domicílio dos mortos na mitológia nórdica, um dos nomes foi aproveitado da fé antiga,
Helvite, isto é, punição de
Hel. Alguns elementos das tradições de
Yule foram preservados, como a tradição sueca de matar um porco durante o
Natal, que era originalmente parte do sacrifício a
Frey.
[editar]Influências modernas
Os deuses germânicos deixaram traços no vocabulário moderno. Um exemplo desta influência é alguns dos nomes dos dias da semana. A influência se deu após os nomes dos dias da semana serem desenvolvidos e espalhados pela língua dominante antiga, o
latim, que definia os dias como
Sol,
Lua,
Marte,
Mercúrio,
Júpiter,
Vênus e
Saturno. Os nomes de terça-feira a sexta-feira foram substituídos completamente pelos equivalentes germânicos dos deuses romanos. Em inglês,
Saturno não foi substituído, enquanto sábado foi renomeado após a definição do
sabbath em alemão, e é chamado "dia da lavagem" na Escandinávia.
Richard Wagner também foi influenciado pela mitologia nórdica nos seus temas literários, compondo as quatro óperas que compreendem
Der Ring des Nibelungen(
O Anel do Nibelungo).
No anime japonês:
Saint Seiya (
Os Cavaleiros do Zodíaco no Brasil), a mitologia nórdica também é utilizada, fazendo uma conexão com a
mitologia grega. O
OVA:
A Grande Batalha dos Deuses que é um curta de cinqüenta minutos, foi a primeira produção de Saint Seiya incluindo esses personagens e as lutas eram travadas em Asgard, é apresentado alguns nomes como Odin, Loki, Frey e Midgard. Pouco tempo depois é lançada a
Saga de Asgard, diferente do OVA, sendo uma série de televisão, não havendo qualquer conexão com a história do OVA, onde Odin era o deus de um pais nórdico (Asgard) e tem como sudita:
Hilda de Polaris que é amaldiçoada pelo Anel de Nibelungo cedido pelo deus dos mares
Poseidon -- essa é a conexão com a
mitologia grega. Nessa série, nomes como Thor, Siegfried e Fenrir são citados.
No
Universo Marvel, o
panteão nórdico e os elementos relacionados a este formam uma parte proeminente das histórias.
Thor, em especial, foi um dos super-heróis mais longévelos das companhia. Os heróis do panteão nórdico também são apresentados como os personsagens do
anime japonês Matantei Loki Ragnarok.
Odin,
Thor,
Loki e diversos outros seres e lugares da mitologia nórdica têm papéis recorrentes nas histórias em quadrinho de
Sandman de
Neil Gaiman, mais notavelmente nas histórias
Estações das Névoas(no Brasil, Estação das Brumas) e
Os Mais Amáveis.
Mais recentemente, surgiram tentativas na
Europa e nos
Estados Unidos de reviver a velha religião pagã sob o nome de
Ásatrú ou o
Heathenry. Na
Islândia, o
Ásatrú foi reconhecida pelo estado como uma religião oficial em 1973, que legalizou suas ceremônias da união, nomenclatura dada as crianças e outros tipos de cerimoniais. É também reconhecida com uma religião oficial e legal na
Dinamarca e na
Noruega, apesar de recente.
A série de jogos da Sony "Valkyrie Profile" se inspira na mitologia nórdica e coloca como protagonista a valquíria "Lenneth" em sua missão de recrutar os Einherjar para lutarem ao lado dos Aesir durante o Ragnarok. O jogo foi lançado para o console Playstation, alguns anos depois devido ao grande sucesso, foi relançado para o PSP (Playstation Portable) e uma seqüência foi lançada para o Playstation 2 com o subtítulo "Lenneth" para o Remake do PSP e "Silmeria" para a versão do Playstaton 2, que foca a história centenas de anos antes dos ocorridos no jogo do Playstation.
A série de jogos do computador
Creatures também utiliza diversos nomes da mitologia nórdica. O mais proeminente são os três tipos de criaturas com as quais você pode lutar,
Nornas,
Grendels e
Ettins. E muitos nomes estão presentes também nos jogos da série
Final Fantasy dentre eles
Odin (um ser que é invocado), a lança Gungnir, uma espada chamada
Ragnaroke o martelo de
Thor.
Outro jogo de grande sucesso, é o
MMORPG Ragnarök Online, criado pela empresa sul-coreana
Gravity Corp. O game que está presente em diversos países, com servidores locais, nos idiomas dos respectivos países, se passa em
Midgard e está repleto de citações sobre a mitologia nórdica, como lugares (
Rune-Midgard, Árvore de
Yggdrasil,
Niflheim), monstros (
Hati,
Jormungand, etc), personagens (
Fenrir,
Freya,
Valquírias, etc), além de servidores com nomes de personagens
Odin,
Thor, etc).
Também existe o jogo em terceira pessoa
Rune, lançado em 2000 pela
Human Head Studios, onde o jogador controlava um vinking chamado
Ragnar e era totalmente baseado na mitologia nórdica.
Na música, o metal pesado apresenta um subgênero especialmente criado com base no panteão nórdico: o
Viking Metal, com um vasto grupo de fãs fiéis por todo o mundo. Se caracteriza principalmente pelo vocal gutural, pelas rápidas guitarras distorcidas e bateria de peso, pelo uso de instrumentos pouco convencionais, que remetem aos utilizados primitivamente na facção de música nórdica (violinos rústicos, alaúdes, violões folk, etc), e, em especial, pelas letras, sempre com esse padrão de temática, abordando as batalhas e a vida de deuses e seres míticos. Destaque para as bandas
Bathory,
Ensiferum,
Thyrfing,
Enslaved e
Amon Amarth.
A banda norte-americana
Manowar lançou em 2007 um álbum intitulado "Gods of War", no qual é feita uma homenagem a deuses e animais da mitologia nórdica.
[editar]Influência na ficção científica
Os contos de grandes guerreiros e de magos mortais formaram a base para a ascensão do gênero
fantasia no
século XX.
Robert E. Howard utilizou extensivamente a mitologia nórdica em seus muitos trabalhos, sendo que sua criação mais conhecida é
Conan, o bárbaro, um mercenário fictício e herói de diversas histórias curtas em banda desenhada (quadrinhos) e de um romance. Outros autores seguiram a mesma linha, sendo que o mais conhecido é
J. R. R. Tolkien, que iniciou seus trabalhos baseados na saga de Beowulf criando
O Hobbit e posteriomente construindo uma nova mitologia baseada no panteão nórdico nos seus livros
O Senhor dos Anéis e o
Silmarillion. Após os trabalhos de Howard e Tolkien terem sido publicados, diversos outros autores foram encorajados a seguir a mesma trilha. Entre os mais famosos, se encontram
Robert Jordan,
Terry Brooks,
Raymond Feist,
David Eddings,
Terry Pratchett e
Tad Williams.
Esta profusão de autores ajudou a fantasia se tornar um gênero literário separado. Por outro lado, o nascimento da fantasia também ajudou a aprofundar as histórias dos jogos de
computador e dos
Role Playing Games - RPG. Alguns
RPGs, como
Dungeons and Dragons ou
Dragonlance e "
Ragnarok" são baseados no trabalho dos autores (Howard e Tolkien) e em muitas mitologias, incluindo a nórdica.
Referências
[editar]Fontes primárias
[editar]Bibliografia
- LANGER, Johnni. Religiao e magia entre os Vikings. Revista Brathair vol. 5 n. 2, 2005
- LANGER, Johnni. Guia de Vikings
- SEGANFREDO, Carmen Alenice; As melhores histórias da mitologia nórdica; São Paulo: Artes e ofícios, 2004.
[editar]Ligações externas