"...aço contra aço, quebrar de ossos, gritos de raiva, dor, terror. Vlad não sentia nem ódio nem medo, só a ânsia de tirar a vida de outro inimigo."
Seu nome era morte e o inferno o seguia.(Ap. 6:8)
Drácula.
Drácula.
Um homem temido, que por onde passava semeava o medo e deixava o rastro da morte. Morte esta, lenta e humilhante. Era temido por seus inimigos e amado por seu povo. Governou e liderou através do terror.
Ao contrário do que você, leitor, possa estar pensando, este livro não é sobre vampiros. Não, este livro retrata as dores e os conflitos de uma lenda... apenas um homem, um guerreiro, aquele que foi considerado o "filho do Diabo".
Vlad Drácula, ou popularmente conhecido como Vlad Tepes : O Empalador, foi um príncipe da Valáquia, notório membro da ordem do Dragão, cruzado fiel e defensor dos mandamentos de Cristo. Empunhou sua espada contra os hereges, lutou incessantemente contra o exército Otomano e seu líder, o sultão Mehmed, O Conquistador.
Você deve estar se perguntando: Como um cristão devoto pôde executar as atrocidades que o mundo tanto conhece? A resposta a essa pergunta está nas incríveis 457 páginas de Vlad: A Última Confissão.
O próprio autor nos aconselha... "Esqueça Bran Stoker, isso é Drácula de Disney!"
Em um romance épico emocionante, Humphreys nos leva à Europa Oriental do século XV e nos apresenta uma versão diferente da vida e do caráter de Drácula. A história se inicia 5 anos após a decapitação de Vlad, quando um membro da Ordem do Dragão quer descobrir a verdade por trás das horripilantes histórias contadas sobre o príncipe da Valáquia. Três pessoas próximas, e que acompanharam toda a trajetória de Vlad, são convocadas a dar seus testemunhos na presença de monges escribas. Ion Tremblac, o braço direito, amigo fiel e... traidor; Ilona, amante e mulher; e o irmão Vasile, seu confessor, foram os intimados a confessarem sob a supervisão de um cardeal, representante do Papa, tudo o que presenciaram.
Testemunhe você também o nascimento do mito.
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Valáquia, 1501
- As convocações:
- As convocações:
O inverno castigava nos Cárpatos, mas os responsáveis pela missão não podiam se distrair. Janos Horvathy estava ali para descobrir toda a verdade sobre o antigo Voivoda da Valáquia, Vlad Tepes. Seu nome seria limpo ou eternamente amaldiçoado. Pessoas próximas ao sanguinário príncipe contariam tudo o que presenciaram. As três testemunhas foram encontradas, e falariam toda a verdade sob o sacramento da confissão. Não poderiam mentir e nem fugir de suas terríveis lembranças.
- As confissões:
1447- A Valáquia estava sob o jugo dos Turcos, e como forma da garantir a obediência de seu governante, o sultão, Murad, ordenou o seqüestro de dois filhos do Voivoda "Dracul". Vlad e Radu eram adolescentes fortes e inteligentes, mas Vlad sempre fora mais habilidoso na arte de desafiar e guerrear. Apesar de estar vivendo entre os muçulmanos e aprendendo seus costumes, nunca abandonou a verdadeira fé cristã. Jurou que governaria a Valáquia e que varreria os hereges sobre a face de suas terras.
Mas sua petulância e arrogância provocaram a ira do Sultão. Vlad seria enviado para Tokat, uma masmorra fedorenta que criava e aperfeiçoava a arte da tortura, e Radu foi dado como "presente" para o filho do sultão, Mehmet. Em Tokat, Vlad aprenderia uma lição dolorosa e que marcaria sua alma para o resto de sua vida... "nós torturamos os outros para que eles não nos torturem".
Mais uma vez a traição reinou sobre a família Draculesti. Seu pai estava morto, e ele seria seu sucessor...governaria. Se tornou homem e príncipe da Valáquia, e assim, Drácula conduziria sua espada contra os turcos. Em nome da fé em Cristo, e como membro da Ordem do Dragão, se tornou o líder de uma cruzada contra a heresia. Nunca mais seria o mesmo. E apesar de estar rodeado de amigos fieis e na companhia da única mulher que amou, não pode confiar em ninguém. A cobiça e a traição estão sempre ao seu lado. A fé de Vlad o fortalece, mas a luxuria, a crueldade, e a morte tentam constantemente abater seu espírito e derrubar a bandeira pela qual dedicou sua vida.
Não há retorno. Não há perdão. Vlad, está disposto a ressurgir da morte para aplacar sua sede de vingança.
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Os relatos das três testemunhas tecem uma trama cheia de conflitos morais, paixão, sedução, traição e morte. Os atos contraditórios que ele sempre está executando, mostram seu lado humano...errante, ora ele é um cristão fiel e representante da mão de Deus contra os hereges, ora é um assassino impiedoso e que se considera indigno de perdão. Razão e emoção estão em constante batalha. Conseguimos entender também como surgiu a lenda do ser imortal, aquele que renasce dos mortos para atormentar seus inimigos. Humphreys escreveu o livro sem pender a balança, simplesmente relatou os fatos sem expressar sua opinião pessoal. Deixou que cada leitor decida o que Drácula representou em uma época em que ser temido era sinônimo de força e liderança.
O autor tentou se ater aos registros históricos até onde ele fosse conhecido, e nas lacunas dos fatos entrou o romance. Essa união de realidade e ficção foi tão perfeita que o leitor praticamente se esquece de que a grande maioria dos relatos realmente aconteceu. O livro é um épico espetacular, e posso afirmar que, até o momento, foi o melhor livro que li em 2010. A narrativa do autor é direta...sem rodeios, e atinge o leitor de forma contundente.
- Então você faria seu povo viver no medo?- Eu o faria viver na certeza. A conhecer seu lugar no reino de Deus. A obedecer, sem questionar, as leis que eu faço em nome Dele. - E saber que, se não obedecerem, serão punidos de uma maneira que fará os outros hesitarem antes de pecar, ou até não pecarem.
- Para que crimes você aplicará essa punição?- Todos
- Todos? E se alguém roubar uma vaca?
- Será empalado.
- Falsificação de moeda? Trapaça? Tumulto?
- Empalado. Empalado. Empalado.
O Padre desmoronou, sentou-se e suspirou...
Durante a leitura eu enfrentei um conflito pessoal, ao mesmo tempo em que me chocava com as escolhas e ações de Vlad, eu me encontrava, constantemente, tentando justificá-las e gostando cada vez mais do Empalador". Parece horrível não é? Mas o livro apresenta os dois lados da moeda, não só a visão de quem está de fora, como expectador da matança, mas nos apresenta o que provocou, ou melhor, o que conduziu a mão de Drácula para os atos "ditos"cruéis.
O autor uniu com maestria a história de um déspota com o mito de um ser invencível, porém, sem o elemento sobrenatural, e uma trama supostamente sombria e cruel se tornou um romance épico sedutor e emocionante.
Não deixe de ler Vlad: A Última confissão, o livro vale cada página lida.
E para aumentar ainda mais a vontade de ler a Editora Record disponibilizou dois capitulos incríveis do livro. Você pode conferir Aqui e Aqui. Leia!